Dito por Pedro Lamares:
Texto:
Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância
nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Fernando Pessoa (heterónimo Alberto Caeiro) 1915
OBRIGADA, UMA VEZ MAIS, PELA SELEÇÃO!
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